Sopão Mineiro leva às ruas alimento e solidariedade

Maércio do Carmo, 71 anos, funcionário público aposentado, e José Gabriel Castro Teixeira, 76 anos, engenheiro aposentado da Vale do Rio Doce, têm uma rotina que dura 30 anos: sair pelas ruas da capital mineira distribuindo sopa e pão para a população carente.

No bairro de Carlos Prates, onde funciona a sede da entidade Sopão Mineiro Maércio e José Gabriel fazem os últimos preparativos: checam a lista de doadores do dia e os endereços. Tudo pronto embarcam na Kombi carinhosamente apelidada de “Generosa IV”. Que como o nome indica, é a quarta utilizada desde a criação do Sopão.

Os doadores são desde donas de casa até proprietários de restaurante. Os alimentos são recolhidos e começa a distribuição entre os pobres.

A chegada da Kombi é saudada por homens, mulheres e crianças que se organizam rapidamente em filas para receber a sopa e o pão. Mais que o alimento, as pessoas recebem o carinho e a palavra de incentivo de Maércio e José Gabriel. A noite avança e eles continuam com uma alegria que só o trabalho voluntário é capaz de proporcionar a seus praticantes. A atividade só termina às 22h.

“É assim toda sexta. Mas o trabalho funciona sete dias por semana. Nosso movimento surgiu no início de 1980, liderado por um grupo de jovens. A eles juntamos nossa experiência e de lá pra cá muita coisa mudou. O projeto cresceu, tornou-se uma entidade filantrópica reconhecida como de utilidade pública pelos governos do município, estado e federal”, conta José Gabriel.

Hoje, o Sopão Mineiro desenvolve quatro programas sociais de grande alcance para a população de rua de BH e região metropolitana: distribuição semanal de 400 litros de sopa e 250 pães; assistência a gestantes carentes, com acompanhamentos psicológico, fisioterápico e orientação médica; assistência à saúde da população de rua, inclusive transportando os necessitados às unidades de sistema de saúde; e desospitalização psiquiátrica, que consiste na administração e manutenção de residências que abrigam pacientes desospitalizados de saúde mental – muitas vezes rejeitados pelas próprias famílias e que necessitam de uma readaptação à sociedade.

Ao todo, são mais de 2.500 atendimentos por mês, realizados por voluntários. “Juntos, eu e Maércio somamos 135 anos de idade, mas disposição não nos falta”, diz José Gabriel, que faz um apelo aos brasileiros em geral e aos mineiros em particular.”Juntem-se a nós. O sorriso e a gratidão das pessoas que ajudamos são a maior recompensa. È preciso que um número de cada vez maior de pessoas viva esta experiência, pois com certeza é assim que vamos construir um país mais justo e mais humano.

Fonte: Jornal Valia – Informativo da Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social
Ano X – Nº 116 – Janeiro de 2005